Crítica | Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo

Aviso: Contém Spoilers!

Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo” é a adaptação cinematográfica da famosa franquia de jogos desenvolvida pela Gearbox, dirigida por Eli Roth. Com um elenco estelar e visuais exuberantes, o filme tenta trazer a ação frenética, o humor ácido e o caos característico do universo dos jogos para a telona. No entanto, apesar de alguns momentos de brilho, a adaptação tropeça em sua tentativa de equilibrar ação, comédia e desenvolvimento de personagens, resultando em uma experiência que nem sempre entrega o potencial prometido.

A trama segue a caçadora de tesouros Lilith (interpretada por Cate Blanchett), que é convocada para retornar ao planeta Pandora em busca de uma chave lendária que abre o misterioso cofre. O vilão Atlas (Edgar Ramirez) busca essa chave para liberar um poder cósmico que pode destruir o universo. Ao longo do caminho, Lilith se alia a Roland (Kevin Hart), um ex-soldado, Tannis (Jamie Lee Curtis), uma cientista excêntrica, Tiny Tina (Ariana Greenblatt), uma especialista em explosivos, e Claptrap (Jack Black), o robô falastrão. Juntos, eles formam uma equipe desajustada para enfrentar Atlas e salvar o universo.

O enredo de “Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo” é direto e familiar. Desde o início, fica claro que a história segue a fórmula tradicional de missões de RPG: formar uma equipe, localizar um artefato poderoso e enfrentar o vilão. Embora essa simplicidade funcione para um jogo, no filme, a narrativa se torna previsível e carece de surpresas. O momento em que Atlas finalmente põe as mãos na chave e tenta abrir o cofre deveria ser um ponto alto, mas a cena carece de tensão, pois a resolução acontece rapidamente e sem grandes complicações.

Os personagens são um ponto central no universo de “Borderlands”, e o filme consegue capturar parte de suas excentricidades, mas de forma superficial. Lilith, interpretada com competência por Blanchett, tem presença, mas sua jornada emocional é rasa. Sua relação com Roland, que poderia ter sido mais explorada, é tratada de forma mecânica, como se o roteiro estivesse apenas passando por checklists. O Roland de Kevin Hart é uma figura muito mais contida do que se esperaria, o que contrasta com sua persona cômica habitual, mas ainda assim ele não é suficientemente desenvolvido para criar impacto.

Talvez o personagem que mais se destaque seja Claptrap, dublado por Jack Black. O robô oferece os momentos mais cômicos do filme, roubando a cena com suas piadas e comentários absurdos. A presença de Claptrap é um alívio em meio ao roteiro previsível, trazendo o humor anárquico que os fãs dos jogos esperam. No entanto, o excesso de comédia em momentos de ação séria quebra o tom do filme, fazendo com que ele oscile entre o humor e a gravidade de forma desajeitada.

O vilão Atlas, interpretado por Edgar Ramirez, é outro ponto fraco. Suas motivações são genéricas e sua presença não é tão ameaçadora quanto deveria ser. Sua busca pela chave e o desejo de conquistar o poder do cofre são elementos batidos no gênero de ficção científica, e o roteiro não dá a ele o desenvolvimento necessário para torná-lo memorável. Quando finalmente enfrenta Lilith no clímax do filme, a batalha carece de impacto emocional, e a vitória da protagonista parece inevitável e anticlimática.

Apesar dos problemas de roteiro, o filme brilha em seus aspectos visuais. A estética de Pandora é bem recriada, com paisagens desérticas, criaturas alienígenas e o estilo cel-shaded, que remete ao visual dos jogos. As sequências de ação são explosivas e bem coreografadas, embora, em alguns momentos, o excesso de efeitos especiais torne a ação difícil de acompanhar. A cena em que o cofre é aberto e a gigantesca criatura cósmica emerge é visualmente impressionante, mas o impacto emocional é diminuído pela falta de construção narrativa.

A trilha sonora também merece elogios. Com uma mistura de faixas eletrônicas e rock pesado, a música complementa bem o tom irreverente e frenético do filme. Momentos como as explosões de Tiny Tina e as cenas de perseguição com veículos são acompanhados por batidas pulsantes que ajudam a intensificar a ação. No entanto, a trilha sonora, por vezes, ofusca os diálogos, especialmente nas cenas de maior caos.

Para os fãs dos jogos, “Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo” oferece algumas referências e piadas internas que podem agradar, mas a adaptação perde a profundidade que muitos esperavam. Embora os personagens e o universo sejam fielmente recriados, a falta de um roteiro mais elaborado e o desenvolvimento emocional comprometido fazem com que o filme dependa demais do humor e da ação para se sustentar. Isso pode decepcionar aqueles que esperavam uma experiência mais rica e envolvente.

Atualmente, “Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo” está disponível para assistir no Amazon Prime Video, oferecendo aos fãs da franquia e aos entusiastas de filmes de ação uma oportunidade de mergulhar no caótico e extravagante mundo de Pandora. No entanto, o filme pode agradar mais os fãs casuais do gênero do que os devotos da franquia de jogos, que podem sentir que o filme não capturou totalmente a essência que torna “Borderlands” uma experiência tão única nos videogames.

NOTA: 4/10

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