Crítica do filme Com Amor e Fúria
francês, a premiada diretora francesa Claire Denis retorna a trabalhar com uma
produção da sua língua nativa em Com Amor Fúria, produção carregada por um elenco
primoroso como Juliette Binoche e Vincent Lindon em um olhar abrasador e
instigante sobre os limites entre o amor e a luxúria.
O longa se passa durante a
pandemia do Coronavírus e gira em torno de Sara (Juliette Binoche) e Jean (Vincent
Lindon), um casal loucamente apaixonado que possuem uma rotina diária dos um
tanto monótona, com Sara viajando para a rádio onde trabalha, enquanto Jean
procura um emprego adequado e quando os dois estão juntos eles são inseparáveis,
contando com a companhia um do outro, tanto emocional quanto fisicamente.
As coisas mudam instantaneamente
quando Sara vê seu ex-namorado e velho amigo de Jean, François (Grégoire
Colin), na rua em frente ao seu local de trabalho. Dominada pela emoção,
Sara rapidamente deixa a área atordoada. Quando ela descobre que Jean e
François estão se unindo para iniciar um negócio, ela começa a suspirar e fica
preocupa com os sentimentos poderosos que ainda nutre por François e o medo do
que acontecerá se Jean descobrir.
A partir daí, o filme explora o
triângulo amoroso do trio, centrando-se nas emoções e indecisão de Sara como
base da história e aqui vemos o toque talentoso de Claire Denis, que sempre foi
incrivelmente habilidosa em comunicar o sentimento de desejo emocional e físico
entre os personagens. Com Amor Fúria explora isso nos minutos iniciais e
deixa o espectador bem aconchegado com a relação entre Sara e Jean nadando juntos
no oceano, ali vemos a conexão profundamente cimentada do casal ao usar o
desejo como base para a narrativa do filme.
Claire Denis também reforça que
os dois são completamente dependentes um do outro, estabelecendo uma dinâmica
que será testada várias vezes à medida que o relacionamento deles desenrola. Além
disso, a capacidade do espectador de entender as motivações dos personagens
torna o filme incrivelmente fácil de assistir, com os argumentos dos
personagens parecendo completamente reais e garantidos, mostrando as
desvantagens que surgem quando desejos externos interferem no amor.
Vendida em torno de um triângulo
amoroso poderoso, o filme também inclui um enredo muito menor que explora a
relação entre Jean e seu filho, Marcus (Issa Perica). Embora o
relacionamento e as conversas sejam cativantes, incluindo um fascinante
monólogo estendido por Jean no final do filme, o enredo parece completamente
preso e não tem profundidade suficiente para adicionar temas significativos ou
memoráveis. A inclusão desse enredo também faz com que o filme sofra
problemas de ritmo, manobrando desajeitadamente entre dois enredos que são
completamente diferentes em estrutura, execução e significado.
Mesmo assim, o êxito de Com Amor
Fúria é inteiramente atribuído ao roteiro de Claire Denis e Christine Angot, a
produção também tem algumas performances fantásticas e nos papéis principais
Binoche e Lindon brilham, encarnando perfeitamente seus personagens de uma
forma que permite ao espectador entender, se não simpatizar totalmente, suas
complexidades.
No geral, Com Amor Fúria é um bom
filme pelo alcance dinâmico da dupla protagonista e permite que eles vendam
algumas das cenas dramáticas mais inacreditáveis do filme, toda a química
deles sustentam o filme, mostrando perfeitamente o forte sentimento de desejo
que o tom do longa é abordado.
Apenas um rapaz latino americano apaixonado por cinema, apreciador de games, séries, quadrinhos e com vasta experiência em escrever sobre a cultura pop.